quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

FELIZ ANIVERSÁRIO


Hoje fiz 24 anos. Recebi muitos parabéns através da minha página no orkut, alguns via messenger, outros por telefonemas e da família e amigos íntimos pessoalmente. Na realidade nunca fui preso a comemorar aniversários. A cada dia estou mais convicto que aniversários faço a cada amanhecer. Números são apenas números, o que conta são as experiências de vida que acumulamos no caminhar da existência humana.


Agradeço de coração àqueles que lembraram da data, se manifestaram de alguma forma (e isto é o que vale). Aos que não se manifestaram não há problemas, talvez eu ainda não os manifestei motivos que os façam fazer isto! Nossa tarefa é cativar, é preparar o jardim para que as aves venham até ele!


Vou dormir feliz. Entre várias coisas que fiz hoje e que me trouxeram prazer, recebi uma notícia que me deixou muito feliz, bem como toda a família. Ela vai crescer! Foi meu presente de aniversário vindo dos céus. Ver os meus que estimo felizes, me faz feliz e é o melhor presente que posso receber!


Que venham mais 365 dias pela frente. Que eu cresça em todos os aspectos neste novo ano de vida! Que seja especial para os meus próximos! Que eu e meus próximos tenhamos saúde, paz, e amor!


Feliz Aniversário!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

APRENDENDO A SER CRIANÇA

Voltei ao tempo de criança. Tempo que por mim poderia nunca ter acabado. Tempo bom! Como fui feliz e só agora compreendo isto. Ser criança é ter a fragilidade de uma rosa e uma sabedoria que ultrapassa qualquer doutorado. Como é bom ter uma criança por perto! Como aprendemos mais do que ensinamos: aprendemos que a vida, na sua melhor fase, realmente é aquela, e por isto a importância de se cuidar bem das crianças, haja vista que por serem tão inocentes, estão expostas a qualquer perigo.

Voltei a ser criança ou encontrei resquícios de uma criança em mim lendo uma obra-prima mundialmente conhecida. Pude reler nestes últimos dias “O Pequeno Príncipe”, de Antonie de Saint-Exupéry. Como me fez bem! Aliviou a mente, a alma. Um misto de emoções, de pensamentos, de recordações. Meu primeiro contato com essa obra foi na década de 90 quando estava no ginásio, talvez quarta ou quinta série, não me lembro bem. Sei que, juntamente com “Dom Casmurro’, ‘Ilha Perdida’, ‘Éramos Seis’, este livro está registrado na memória de minha infância. Dele recordava-me somente da frase ‘tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas’.

Mesmo já tendo lido-o na infância, relê-lo agora que sou jovem foi salutar. Ao contrário do que se acredita este livro não é direcionado para crianças. Ele fala de crianças, ou melhor, ele revive em adultos as crianças que um dia já foram, com seus medos, suas verdades, suas inocências e sabedorias.

Saint-Exupéry narra e ilustra, mergulhado num simbolismo, a trajetória do Pequeno Príncipe, que vivia num planeta, do tamanho de uma casa, que tinha três vulcões. Havia também neste planeta uma rosa, orgulhosa, que cria ser única, e que por isto arruinou a tranquilamente do Pequeno príncipe, fazendo com que este viajasse por diversos planetas, até que chegou a Terra. Aqui encontrou com a raposa, que sabiamente, soube conduzi-lo à descoberta do que realmente importa na vida, a saber: o amor, a amizade e o companheirismo. Ao contrário dos conselhos da raposa (Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos), o Pequeno menino de cabelos dourados Príncipe pode compreender com outras personagens do livro com quais se encontrou em outros planetas, que as ‘pessoas grandes’ se preocupam com coisas que são inúteis, bem como não sabem dar valor às coisas. Conheceu um rei que pensava que todos eram seus súditos, mas que não tinha ninguém perto; um contador que se dizia muito sério, mas não tinha tempo para sonhar; um geógrafo que se dizia sábio, mas nada conhecia da geografia do país em que vivia; um bêbado que assim era para esquecer a vergonha que sentia por embriagar-se; além da serpente.

A priori simplista tal obra traz em seu bojo riquíssimos ensinamentos, escrito de uma forma que leva o seu leitor a preocupar-se com o sentido humano da vida, de sua existência, com suas atitudes e comportamentos, com seus sentimentos, com seus valores, com seus julgamentos e com suas ‘certezas’. O autor pincela no leitor o mistério que todos nós, ‘pessoas grandes’, carregamos: a sabedoria da infância, tão importantes, mas que se passa imperceptível nos dias hodiernos, onde já não há tempo para recordações. É salutar a leitura. Faz-nos reencontrar a criança que em nós habita.

Refazer esta leitura me trouxe conceitos que sinceramente já havia perdido-os, compreensão prática de teorias aprendidas e até vivenciadas, que não me tinha dado noção. Ainda bem que as crianças são indulgentes com as pessoas grandes! Foi proveitoso, ao reler ‘Pequeno Príncipe’, reaprender os ensinamentos da sábia raposa: “A gente só conhece bem as coisas que cativou... Só se vê bem com o coração... O essencial é invisível para os olhos... Tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas... A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar...”

Aprendi novamente, e de uma forma tão gostosa, a importância do amor, da amizade e do companheirismo.

“- As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu, porém, terás estrelas como ninguém...
- Que queres dizer?
- Quando olhares o céu de noite, porque habitarei uma delas, porque numa delas estarei rindo, então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem rir!
E ele riu mais uma vez
- E quando te houveres consolado (a gente sempre se consola), tu te sentirás contente por me teres conhecido.
Tu serás sempre meu amigo. Terás vontade de rir comigo.
E abrirás às vezes a janela à toa, por gosto ... E teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Tu explicarás então: “Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!” E eles te julgarão maluco. Será uma peça que te prego...”


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

NO ESPELHO DA ILUSÃO

Ana Carolina - Carvão

Surgiu como um clarão
Um raio me cortando a escuridão
E veio me puxando pela mão
Por onde não imaginei seguir
Me fez sentir tão bem, como ninguém
E eu fui me enganando sem sentir
E fui abrindo portas sem sair
Sonhando às cegas, sem dormir
Não sei quem é você

O amor em seu carvão
Foi me queimando em brasa num colchão
E me partiu em tantas pelo chão
Me colocou diante de um leão
O amor me consumiu, depois sumiu
E eu até perguntei, mas ninguém viu
E fui fechando o rosto sem sentir
E mesmo atenta, sem me distrair
Não sei quem é você

No espelho da ilusão
Se retocou pra outra traição
Tentou abrir as flores do perdão
Mas bati minha raiva no portão
E não mais me procure sem razão
Me deixa aqui e solta a minha mão
Eu fui fechando o tempo, sem chover
Fui fechando os meus olhos, pra esquecer
Quem é você?
Quem é você?
Quem é você?
Você...

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

EU PENSEI QUE FOSSE FORTE

Em alguns momentos da vida é necessário parar para pensar, para analisar o que temos feito, principalmente conosco mesmo, e com nossos sentimentos e desejos. Quando não fazemos isto, é porque pensamos que somos fortes o suficiente a ponto de vencer dificuldades, traumas e obstáculos insuperavéis, imperdoavéis e inalcançavéis.

Quando páro para pensar, para chorar ou mesmo para comemorar qualquer coisa, gosto de ouvir músicas. Tenho a cada dia me encantado com a beleza das músicas da cantora mineira Ana Carolina. Uma grande artista, completa, que entoa canções melodramáticas e que me marca profundamente, me faz recordar de momentos inesquecíveis. Ela merece uma postagem exclusiva. Espero um dia poder fazer isto aquilo. Ana Carolina foi minha psicóloga em 2008 quando conheci os corredores da minha vida, enquanto eu pensava que fosse forte. Mas eu não era. E ainda não sou.

Hoje recordo-me de momentos vividos, de sentimentos marcantes e atitudes decisivas que tomei na vida. Lembrei-me de "Eu não paro", de Ana Carolina. Sábios conselhos que tenho procurado segui-los. Deixo-os pelo resto da semana com a bela letra desta canção.


EU NÃO PARO - Ana Carolina
Letra de: Ana Carolina, Dudu Falcão e Lula Queiroga

Quando eu vou parar e olhar pra mim?
Ficar de fora
E olhar por dentro
Se eu não consigo
Organizar minhas idéias
Se eu não posso
Se eu esqueço de mim?

Eu pensei que fosse forte
Mas eu não sou

Quando eu vou parar pra ser feliz?
Que hora?
Se não dá tempo
Se eu não me encontro
Nos lugares onde eu ando
Nem me conheço
Viro o avesso de mim

Se eu não sei o que é sonhar
Faz tanto tempo
Tanto mar
E o meu lugar
É aqui!

Uma rua atravessada em meu caminho
Nos meus olhos
Mil faróis
Preciso aprender a andar sozinho
Pra ouvir minha própria voz
Quem sabe assim
Eu paro pra pensar em mim?
Quem sabe assim
Eu paro pra pensar em mim?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A ETERNA MESMICE DA VAIDADE


Se o ser humano possui várias características, uma que prevalece com notoriedade é a vaidade. Em alguns indivíduos de forma latente, em outros nem tanto. Alguns se preocupam com a beleza física, passando horas e mais horas cuidando-se em academias, tomando vitaminas e outras substâncias com a finalidade de expor seus corpos malhados, ‘em forma’. Outros demonstram a vaidade adquirindo bens: carros, mansões, sítios, casas de veraneio, empresas, ações na bolsa de valores; vivem por conta do ter, sempre mais e mais. Há ainda aqueles vaidosos por seus conhecimentos científicos e empíricos; estes sempre estão com os peitos estufados, com a voz firme ao explanarem seus conhecimentos acadêmicos ou experiências adquiridas pela vida afora a custa de seus cabelos brancos. O certo é todos somos vaidosos, o que nos diferem talvez seja a forma como a vaidade irá se apresentar.

Conta-se que um grande sábio judeu, que vivera na Palestina no período em que a cultura helenística encontrava-se em pleno processo de expansão por todo o Oriente Médio, há séculos e séculos atrás, decidiu escrever uma obra para deixar registradas suas experiências de vida, tão ensinadas em seus discursos perante a assembléia. Tal solilóquio produzido era a discussão de seu sábio autor consigo mesmo, um conflito interno, onde se consideravam realidades opostas entre si, tais como a vida e a morte, a riqueza e a pobreza, a sabedoria e a estultícia. Como que numa sessão de terapia, tal sábio eterniza nas palavras suas inquietações internas acerca da vida, de seus conhecimentos empíricos e da certeza de que tudo o que produzira anos a fio era fruto da vaidade, para chegar a concluir que a vida para ser bem vivida necessita-se apenas das pequenas alegrias da vida cotidiana, como o comer, o beber e a satisfação pelo trabalho bem feito, o que excede isto, segundo tal sábio, é mera vaidade.

A partir da análise de seus relatos solilóquicos, percebe-se que tal sábio judeu possuía durante sua existência três tipos de vaidades: pelas possessões, pela sabedoria e pelo trabalho; às quais empenhou tempo e força e as compreendeu como vazias, inconsistentes, fugazes, tais como um sopro, a névoa ou uma rajada de vento.

Sobre sua vaidade por possessões concluiu: “Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas. Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie. Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores. Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa; também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém. Amontoei também para mim prata e ouro e tesouro dos reis e de províncias; provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres. Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que viveram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria. Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas. Considerei todas as obras que fizeram minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol”.

Pela vaidade por sabedoria passou “a considerar a sabedoria, e a loucura, e a estultícia. Que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que outros já fizeram. Então vi que a sabedoria é mais proveitosa do que a estultícia, quanto a luz traz mais proveito que as trevas. Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o estulto anda em trevas; contudo, entendi que o mesmo lhes sucede a ambos. Pelo que disse eu comigo: como acontece ao estulto, assim me sucede a mim; por que, pois busquei eu mais a sabedoria? Então, disse a mim mesmo que também isso era vaidade. Pois, tanto do sábio como do estulto, a memória não durará para sempre; pois, passados alguns dias, tudo cai no esquecimento. Ah! Morre o sábio, e da mesma sorte, o estulto!”.

E por fim, em relação à vaidade do trabalho, afirmou: “Também aborreci todo o meu trabalho, com que me afadiguei debaixo do sol, visto que o seu ganho eu havia de deixar a quem viesse depois de mim. E quem pode dizer se será sábio ou estulto? Contudo, ele terá domínio sobre todo o ganho das minhas fadigas e sabedoria debaixo do sol; também é vaidade. Então, me empenhei por que o coração se desesperasse de todo trabalho com que me afadigara debaixo do sol. Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, ciência e destreza; contudo, deixará o seu ganho como porção a quem por ele se esforçou; também isto é vaidade e grande mal.”

Para ratificar tais conclusões acerca de suas vaidades ressalta a mesmice dos acontecimentos contínuos da existência terrena de toda humanidade, ao escrever em sua obra: “Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre. Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo. O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos. Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr. Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir. O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós. Já não há lembranças das coisas que precederam; e das coisas posteriores também não haverá memória entre os que hão de vir depois delas”.
Tal sábio desconhecido, relatado no livro de Eclesiastes por seus devaneios registrados, que por alguns fora considerado como sendo o rico rei Salomão, concluiu sua compreensão em sua investigação sobre o que é bom para o ser humano saber e viver adequando tal conhecimento à sua conduta, apelando à discricionariedade divina ao afirmar que “... Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que lhe agrada; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de dar àquele que agrada a Deus. Também isto é vaidade e correr atrás do vento”.

Seguindo esta linha de raciocínio, se falo de vaidades, é preciso falar de virtudes. Para isto baseio-me em outro sábio: Aristóteles (384 A.C), do norte da Grécia e dedicado aos estudos acadêmicos da Filosofia Antiga, às viagens para outros países em busca de conhecimentos empíricos, e ao Liceu, academia que fundara por discordar dos pensamentos platônicos, uma vez que por ser realístico, diferenciava-se do idealismo de Platão.

Sobre as virtudes, Aristóteles considerava-as como ciências práticas. A partir do conceito de ARETÉ, propôs o filósofo grego a busca pela excelência, por entender que tudo o que está em nossas mãos busca nos melhorar como pessoas. Estas, as pessoas, ele classificou-as entre a nomia (estão abaixo da média; são aquelas que são levadas pelas circunstâncias); a heteronomia (estão na média; são aquelas guiadas por leis externas e que cumprem apenas seus deveres) e a autonomia (estão acima da média; são aquelas que encontraram a virtude por agirem não guiadas por leis humanas, nem por circunstâncias, mas sim porque alcançaram um desenvolvimento interno que faz com que tudo o que se faça seja uma opção, uma decisão em fazer o melhor, independentemente de benefícios e conseqüências).

Ensina também Aristóteles que a virtude é viva, não intrínseca às pessoas. É fruto da dedicação da pessoa em repeti-la. É fruto do hábito de ser virtuoso, a ponto de que esta faça parte da identidade do ser como pessoa. Ainda para Aristóteles, a virtude pode ser intelectual (resultado do ensino, adquirida pelo tempo e pela experiência - razão pela qual os idosos são respeitados na cultura grega) ou moral (resultado do hábito, do exercitar).

Interligo o sábio judeu desconhecido de Eclesiastes ao sábio filósofo grego Aristóteles, porque ambos, talvez por meios diversos, chegaram a um denominador comum: a busca do justo-meio, da moderação. Se para o sábio judeu desconhecido a vida para ser vivida de forma feliz é necessária apenas as pequenas alegrias da vida cotidiana, como o comer, o beber e a satisfação pelo trabalho bem feito; para o filósofo grego, o caminho da virtude, que passa pelo justo-meio, pela moderação, leva a pessoa a viver de forma consistente.

O justo-meio, desejado pelos que exercitam a virtude moral, é a busca pelo equilíbrio entre dois extremos, que se encontram viciados, seja pelo excesso ou pela falta. Destarte, a confiança é o justo-meio entre o medo e a desconfiança; a temperança é o justo-meio entre o hedonismo (prazeres do corpo) e o ascetismo (tratamento doloroso com o corpo em busca de uma vida rigorosa); a liberalidade é o justo-meio entre a prodigalidade e a avareza; o justo-orgulho é o justo-meio entre a honra e a desonra, entre a superioridade e a inferioridade; a calma é o justo-meio entre a cólera (ira descontrolada) e o pacato (falta de reação); a veracidade é o justo-meio entre a jactância (exagero, soberba, altivez, vaidagem) e a falsa modéstia (falta compreensão do que de fato somos); a amabilidade é o justo-meio entre o obsequioso (indivíduo que só quer receber favores) e o lisonjeiro (indivíduo que doa para receber lisonjeio e não porque ama).

Esta enfim, é a tarefa proposta: enquanto seremos humanos que vivemos a mesmice da existência terrena, precisamos saber trabalhar a vaidade para não nos iludirmos pelas escolhas e práticas da vida, bem como procurar desenvolver nossas virtudes morais, totalmente humanas e terrenas, através da prática reiterada do justo-meio em nossos comportamentos e práticas sociais. Isto é o que nos ensinou com as próprias vidas os sábios que por aqui já passaram. Não nos custa ao menos ouvi-los e meditar a respeito! Tenha uma boa meditação!

domingo, 18 de janeiro de 2009

QUANDO FALA O CORAÇÃO

Quem acompanha este meu blog com o tempo vai descobrir que gosto de muitas coisas. Uma delas é televisão, e em especial, novelas e minisséries. Ultimamente a TV brasileira, na minha percepção, carece de bons folhetins. De Malhação a Três Irmãs, passando pelos Mutantes, concluo até semana passada que se salvavam somente ‘A Favorita’ da Rede Globo e ‘Chamas da Vida’, da Record.

As minisséries globais dos últimos anos não foram boas. Não gostei da tal da ‘Amazônia’, da ‘Hoje é Dia de Maria’, nem de ‘Capitu’, mas me surpreendi com ‘Maysa: Quando fala o coração’, escrita pelo, em minha opinião, o melhor autor de novelas que ainda está vivo: Manoel Carlos, o mesmo autor de Laços de Família e Páginas da Vida, dentre outros sucessos. Particularmente admiro suas novelas porque ele consegue transmitir sentimentos humanos Tão complexos e ao mesmo tempo tão simples e de formas antagônicas em suas personagens, sempre dentro contexto nobre do Leblon, praia do Rio de Janeiro, além de levantar algumas bandeiras sociais relevantes.

Então, se você não sabia, já deu para perceber que sou noveleiro. Gosto mesmo. Vejo novelas como uma forma de expressão cultural tipicamente brasileira. São reflexos dos desdobramentos sociais, oportunidades de meditação em relação aos comportamentos humanos, são conhecimentos de visões multidirecionais; enfim, as novelas, juntamente com a MPB, formam o que brasileiro tem de bonito culturalmente falando, desde que, bem feitas como fora esta minissérie.

Voltando ao tema da postagem: Maysa, confesso que desconhecia completamente a existência da pessoa até a apresentação dos capítulos. No máximo tinha ouvido duas de suas músicas mais conhecidas: ‘Ne Me Qui Te Pas’ e ‘O Barquinho’, e que era foi a mãe do diretor Jayme Monjardim.

Ao decorrer dos capítulos pude desenvolver o exercício de lê-la por ângulos multifacetários. Vi uma Maysa criança que é objeto de desejo de um adulto que mais tarde seria seu primeiro esposo e pai de seu filho. Vi uma Maysa oportunista que poderia ter usado da influência social da família Matarazzo para adentrar aos caminhos da fama. Vi uma Maysa doente psicologicamente, viciada em remédios para emagrecer e em bebidas e cigarros. Vi uma Maysa vagabunda, ordinária, piranha, devasa, mas ao mesmo tempo doente por sexo. Vi uma Maysa desumana, cruel, que rejeitou a oportunidade de vivenciar a infância e adolescência de seu único filho. Vi uma Maysa estrela, que se fosse viva hoje não sairia das capas das 'Caras' da vida afora. Enfim, pude ver várias Maysa’s numa só. O que mudou foram os meus olhares durante os capítulos.

Não obstante, num destes meus olhares, vi também uma Maysa encantadora, com seus olhos penetrantes, cortantes, marcantes. Vi uma Maysa que viveu intensamente cada momento de sua vida. Paro aqui e peço carecidamente que não me interprete como alguém que concorda com tudo o que ela fez, mas que a veja neste momento como uma pessoa que, ao contrário da maioria, teve a coragem de viver, de ser o que ela realmente era. É aí que compreendo o subtítulo da obra: “quando fala o coração”.

O coração só é capaz de falar quando aceitamos ser o que realmente somos, sem se importar com a opinião alheia, com os sentimentos e anseios familiares e sociais. Quantas pessoas são infelizes, depressivas, por precisarem usar máscaras, por precisarem firmar alianças de infinitas naturezas, com o único objetivo de se manter no jogo cruel e hipócrita da sociedade!

O coração só é capaz de falar quando decidimos trilhar pelo caminho da intensidade, da profundidade em sentimentos, em relacionamentos. Quantas pessoas há por aí infelizes por terem casamentos frágeis, relacionamentos superficiais com pais, amores e filhos! Zélia Duncan entoa uma canção que, dentre em seus versos afirma que “nada do que posso me alucina tanto quanto o que ainda não fiz”. Assim consegui ver uma Maysa, como alguém alucinada pelo desconhecido, pelo não praticado, pelo não vivenciado, uma pessoa que não tinha medo do desconhecido. Como somos frios, racionalizados em nossos relacionamentos. Perdemos a oportunidade de eternizar nossa intensidade em corações e na história do tempo, quiçá pelo menos, pelo medo do desconhecido.

O coração só é capaz de falar quando se experimenta o amor. Maysa vivenciou o seu amor por Matarazzo e teve seus outros amores. Pode haver quem não concorde, mas particularmente creio que sim podemos durante a vida ter vários amores, e por uma simples razão: somos diferentes, singulares, ímpares, específicos. Quem vive mais de um relacionamento, casamento, ou seja lá o que for, nunca vivenciará a mesma perspectiva que trilhou em seus encontros primeiros. Somos diferentes, evoluímos a cada momento e assim são também as pessoas ao nosso redor. Em relação à vida sexual de Maysa, considerada por alguns conservadores como libertina, e por outros liberais como além de seu tempo, preferido me abster de comentar. Trata-se de uma questão puramente moral, e não pretendo adentrar neste campo. Mas não se pode negar que ela vivenciou o amor, nem que seja o amor pela fama, pela riqueza, pelos aplausos, pelos lugares e pessoas que cruzaram seus caminhos, pela bebida e cigarro, por sua concepção de vida. Certa estava a certeza de Quintana: ‘... o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas...”.

O coração só é capaz de falar quando encontramos a paz interior. Na minissérie a personagem principal diz ter encontrado sua paz interior, ter tido seu contato com o paraíso azul e lindo como o mar, após receber o perdão de seu filho Jayme, a quem tinha abandonado numa escola européia, bem como após perdoar a si própria, pelos seus erros, frutos da infantilidade. Quantas pessoas encontram-se fragilizadas psíquica e fisicamente porque não conseguem vivenciar o perdão. O verdadeiro perdão. Aquele que não apaga as marcas, as conseqüências dos erros cometidos, frutos das decisões humanas, mas que faz bem ao coração, lava a alma e purifica a mente. Morreu em paz Maysa, em paz com o filho, e principalmente em paz consigo mesmo.

Enfim, essa obra prima (confesso que não sei se com a reforma ortográfica as duas palavras ficam com hífen ou sem, se unidas ou separadas. Gosto delas separadas, que fiquem assim!) que encantou meus olhos, escrita pelo mestre Manoel Carlos e dirigida pelo próprio filho de Maysa, Jayme Monjardim, me fez compreender que podemos analisar a vida por vários vieses, por várias perspectivas, e que realmente, o mais belo, assim como a obra, é o que optar por deixar o coração falar, seja da forma que for e desde que convenha à sua moral, por se conhecer a si mesmo, por se vivenciar com intensidade cada detalhe e momento da existência humana, por se caminhar pelo conhecimento do amor, e por se ter a tão necessária paz interior.

Precisamos deixar nossos corações falarem mais alto que nossas crenças, ideologias, razões. Precisamos parar para ouvir nosso próprio coração.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O QUE É DE FATO SIGNIFICATIVO?


O filho que muitas vezes não limpa o quarto e fica vendo televisão, significa que...

está em casa!

A desordem que tenho que limpar depois de uma festa, significa que...

estivemos rodeados de familiares e amigos!

As roupas que estão apertadas, significa que...

tenho mais do que o suficiente para comer!

O trabalho que tenho em limpar a casa, significa que...

tenho uma casa!

As queixas que escuto acerca do governo, significa que...

tenho liberdade de expressão!

Não encontro estacionamento, significa que...

tenho carro!

Os gritos das crianças, significa que...

posso ouvir!

O cansaço no final do dia, significa que...

posso trabalhar!

O despertador que me acorda todas as manhãs, significa que...

estou vivo!

Finalmente pela quantidade de mensagens que recebo, significa que...

tenho amigos pensando em mim!

Quando pensares que a vida te corre mal ... leia outra vez esta mensagem!!!


Texto: Autor desconhecido

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

CERTEZAS DE QUINTANA


Não quero alguém que morra de amor por mim...

Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.

Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim...

Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível...

E que esse momento será inesquecível...

Só quero que meu sentimento seja valorizado.

Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre...

E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.

Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho...

Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento...e não brinque com ele.

E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe...

Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.

Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.


Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas...

Que a esperança nunca me pareça um NÃO que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como SIM.

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.

Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão...

Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim... e que valeu a pena.
Escrito por Mario Quintana (1906-1994)
São certezas que também carrego comigo.

sábado, 10 de janeiro de 2009

ESTOU CUIDANDO BEM DE MIM

Composição de Vander Lee

Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favoresTô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinhoTô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinhoEscrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

TATÁ: AMOR E SIMPLICIDADE

06.12.1996 a 08.01.2009

Hoje me despedi de Tatá. Sempre alegre, forte, bonita, morreu lutando contra um câncer que a maltratou muito desde o início de dezembro do ano passado.

Foram 13 anos de carinho recíproco. Sua alegria de estar perto de mim e da minha família, suas lambidas no meu braço para poder deitar, suas mordidas durante as brincadeiras, suas fugas e procuras, marcaram nossa convivência. Permaneceu linda, até morta tadinha. Seu cheirinho inesquecível. Creio (e você pode achar que estou doido, que não me importo) que hoje ela está lá no céu, juntamente com meu avô e todos os meus queridos que já se foram.

Só posso agradecer ao Criador por ter me permitido viver dos 11 aos 23 anos de idade com uma criaturinha tão linda como foi Tatá. Aprendi que o amor e a simplicidade da vida são mais importantes do que ter riquezas e posições sociais, porque no final das contas, tudo isso passa, mas as pessoas (e os animais com quais convivemos) permanecem marcando nossa existência, que aliás é como uma gota de chuva: linda, porém rápida em se secar e desaparecer.

Tatá tornou-se para mim inesquecível. Para sempre vou amá-la. Descanse em paz!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

POEMA DA MORTE

Morte
Você é cruel, quando se aproxima
Mexe com os meus sentimentos,
Me faz recordar os bons momentos,
Refaz, num instante, todas as historias
Com certeza de que jamais voltaremos a vivê-las.


Morte
Mistura de amor, carinho, respeito
Fortalecendo a saudade que se perpetuará
Agonia, angústia e tristeza
Certeza de que tudo chega ao seu fim

Morte
Como queria ser mais forte que você!
Como queria poder te vencer!
Como queria saber como viver feliz depois de te ver!
Como sobreviver ao te perceber tão próxima?

Morte
Cruel. Por quê? Pra quê?
Leva de mim os mais preciosos, pedaços da minh`alma.
Você segue cumprindo suas metas
E eu? Eu fico aqui com as minhas querelas.

Morte
Pra mim, sinônima de saudade
Que se perpetua, aflituosamente, por dentro de mim.

Morte
Por favor,
Rogo-te,
Vá se embora.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

DESEJOS PARA UM NOVO ANO ...


... saber viver, começando com o aperfeiçoamento do amor próprio, eliminando coisas, pessoas, circunstâncias e instituições sociais que me façam mais mal do que bem.

... ter sossego, cuidando melhor da minha saúde e desenvolvendo uma paz interior para saber lidar comigo mesmo, meus erros, decepções, horizontes de vida, etc.

... poder continuar acreditando no ser humano e nas pessoas que me rodeiam, passando-as a importância do respeito à diversidade e a dignidade humana.

... tentar reestruturar e formar uma nova visão em relação à Transcendência, com um diálogo maduro a partir de estudos teológicos, filosóficos e sociais.

... experimentar um relacionamento amoroso sadio com alguém que seja capaz de me despertar essa vontade e que valha a pena, portanto, podem mandar currículos para o processo seletivo.

... dar mais importância (dedicar tempo e recursos) para as pessoas que me amam.

... não ter medo do desconhecido e suas mais diversas formas.

... publicar meus dois livros sobre direitos das pessoas surdas e sobre o ser humano surdo, encerrando (pelo menos espero) um ciclo da minha vida.

... arrumar um emprego que me dê condições de continuar meus estudos (pós, mestrado...) e de bancar minhas necessidades básicas, se você souber de algo me procure, demonstre sua amizade comigo.

... passar num concurso público para Polícia Federal ou algum Tribunal mundo afora. Esse tentarei até conseguir. Tomara que seja neste ano mesmo.

... ler mais livros das ciências humanas e sociais, do direito em si, teológicos e informativos.

... conseguir manter atualizado este blog com os meus devaneios

... poder conviver num contexto onde as pessoas se preocupem mais com o bem estar do próximo do que em bisbilhotar, inventar ou aumentar mentiras, bem como condenar as pessoas por suas decisões, visões de mundo e falhas, onde a pessoa seja valorizada e respeitada pelo simples fato de ser uma ‘pessoa’.

... não precisar me despedir eternamente de parentes, amigos e conhecidos queridos, seja pela ida deles ou pela minha.

... conhecer lugares e pessoas diferentes.

... não perder a força de continuar sonhando, fazendo planos e estabelecendo metas.

Será que em 2010 quando eu reler este texto terei conseguido realizar todos esses desejos? Tomara que sim...