terça-feira, 12 de abril de 2011

PARTE 2 – POLÍTICAS SOCIAIS: POR QUE EXISTEM?


As políticas sociais existem porque ainda existem pessoas que não conseguiram um mínimo básico para sobreviverem com dignidade e autonomia, para se formarem como sujeitos de direito, cidadãos.

Isso demonstra que as desigualdades sociais e as políticas sociais são fatos consumados, necessários, dentro da realidade de políticas públicas brasileiras.

O ideal seria não existir políticas sociais, pois num imaginário social ideal, não existiriam pessoas em situação de risco, que não conseguem com autonomia, dar conta dos requisitos mínimos necessários para sobrevivência e para sua formação.

Atrela-se a essa permanência da necessidade de se existirem tais políticas sociais o fomento por parte das preocupações, com diversas finalidades, de meios acadêmicos, políticos e religiosos.

As instituições de ensino necessitam dessa realidade para realizarem seus estudos antropológicos. Querem entender a realidade e propor alternativas de melhoria do bem estar social. Contribuem significativamente para a compreensão da realidade social, porém ainda pecam pela ineficácia empírica, na maior parte dos casos, de suas propostas.

Já os políticos encontram nessa parcela social um tesouro! Se não tiverem uma postura pessoal de ombridade na gestão da coisa pública, fazem deste segmento social o público de seu assistencialismo barato, com vistas à permanência no poder através da barganha. A história brasileira apresenta vários exemplos, e a consciência de uma política de direito e não assistencialista, de barganha política, ainda é muito frágil na consciência dos cidadãos brasileiros.

E por fim, os religiosos. Utilizam-se dos pobres para vender um futuro de ouro, nas regiões celestiais, com promessas do fim do choro e do sofrimento, muitas vezes, em troca de retornos financeiros.

Nessa lógica o que se há de verdadeiro é a institucionalização das políticas sociais. A naturalização de sua existência, dentro de uma perspectiva real de ser necessária, condiciona sua importância e sua eficácia, já que os objetivos que lhe dão razão de existir não são os que podem, de fato, levar os pobres a saírem de seus atuais estados de vida, possuindo os requisitos básicos de sobrevivência e de formação cidadã.

Pelo contrário, essa permanência das políticas sociais, enquanto possuir os atuais intuitos (acadêmicos, políticos e religiosos) faz com que as pessoas que delas necessitam se tornem ainda mais absolutamente incapazes de, enfrentamento a realidade, realizarem a travessia necessária de mudança de vida.

Além disto, a longo prazo, caso não se tenha uma nova perspectiva de realização de políticas sociais, com um intuito realmente objetivo, sem ganhos secundários, sua permanência levará ao crescimento do atual quadro de exclusão humana e social.

COMO CITAR ESTE TEXTO: 



NOVAES, Edmarcius Carvalho. PARTE 02 – POLÍTICAS SOCIAIS – POR QUE EXISTEM?". Disponível em: http://edmarciuscarvalho.blogspot.com/2011/04/parte-02-politicas-sociais-por-que.html em 12 abril de 2011.

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