terça-feira, 23 de outubro de 2012

LÓGICA II - PARTE II: VALIDADE FORMAL E VERDADE DE FATO




Um argumento é válido quando a conclusão decorre necessariamente das premissas. Mesmo que a conclusão seja falsa, é possível que o argumento seja válido, se uma ou mais premissas também forem falsas. Podem-se ter premissas verdadeiras e conclusão verdadeira e ainda assim ser inválido, quando a conclusão não for uma conseqüência necessária das premissas.

A única combinação entre premissas e conclusão que invalida totalmente um argumento é a seguinte: um argumento é inválido se as premissas forem verdadeiras e a conclusão falsa.


2.1. Como saber se um argumento é válido ou não?

Deve-se perguntar: a conclusão decorre necessariamente ou não das premissas? É possível que as premissas sejam todas verdadeiras e a conclusão falsa? Se sim, o argumento é inválido. Se não, é válido.


2.2. A diferença entre validade lógica e verdade de fato:

A validade lógica é observada a partir da forma da estrutura do argumento. Já a verdade de fato é obtida a partir da observação da verdade ou falsidade das sentenças que compõem o argumento.


2.3. Cálculo proposicional:

É o estudo das sentenças declarativas e termos conectivos de um argumento. Por meio dele é possível organizar as sentenças em tabelas de verdade. Com essas tabelas, pode-se estabelecer pela lógica se as sentenças são verdades lógicas (verdadeiras ou falsas) ou não.

Um argumento pode ser formado, utilizando-se de sentenças declarativas, em qualquer linguagem: natural (como a língua portuguesa) ou formal (como a matemática).


2.4. Valor de verdade

É conhecido como valor de verdade ou valor lógico de uma sentença, o fato dela poder ser verdadeira ou falsa. Toda sentença bem estrutura pode ser verdadeira ou falsa. É impossível na lógica, uma situação onde uma sentença seja simultaneamente verdadeira e falsa, por alguns princípios:

a) princípio de identidade: uma sentença é equivalente a si própria. Se verdadeira, ela é verdadeira. Se falsa, é falsa.

b) princípio de não-contradição: não se pode ter uma sentença simultaneamente verdadeira e falsa.

c) princípio do terceiro excluído: ou é verdadeira ou é falsa e não há outra possibilidade.


2.5. Lógica simbólica:

Sentenças bem formuladas, passíveis de uma única interpretação, que possibilita o valor de verdade, são conhecidas como sentenças declarativas, que podem ser afirmadas ou negadas. Sentenças declarativas simples podem ser simbolizadas por letras minúsculas acompanhando a seqüência do alfabeto a partir da letra p: p, q, r, etc.

É possível utilizar de simbolismo para se construir tabelas de verdade. Para tanto, utiliza-se de operadores, que são palavras ou símbolos que ligam sentenças simples, construindo sentenças compostas. O operador pode ser de negação (conhecido também como operador monádico), que quando aplicado, gera outra sentença, ou ainda conectivos, que geram novas sentenças quando aplicados a duas sentenças dadas, identificando as sentenças compostas.

Cada operador tem uma característica diferente:



a) Operador de Negação:

Basta acrescentar a palavra não, ou não é verdade que, ou é falso que. A negação de uma sentença verdadeira é falsa, e a negação de uma sentença falsa é verdadeira.



b) Operador conectivo de conjunção:

Quando se liga duas sentenças para formar outra, com a palavra e. Uma conjunção de duas sentenças é verdadeira se e somente se ambas as sentenças que a compõem puderem ser ambas verdadeiras. Em todos os demais casos, a conjunção será falsa.




c) Operador conectivo de disjunção:

Uma disjunção serve para separar alternativas. Pode ser de dois tipos.

Na disjunção exclusiva ou uma alternativa é verdadeira ou a outra alternativa é verdadeira, mas não ambas. Quando ambas as alternativas forem igualmente verdadeiras ou igualmente falsas, a disjunção exclusiva é falsa.




Na disjunção inclusiva apenas uma única de suas componentes é verdadeira. É falsa sempre que ambas forem simultaneamente falsas. Em todos os demais casos, a disjunção inclusiva será verdadeira.




d) Operador conectivo de implicação material:

É expressa por sentenças condicionais. Utilizam-se as palavras “se” e “então”, cada uma antes de uma sentença declarativa, ligando-as, forma-se uma sentença condicional. A primeira, “se” é chamada de antecedente ou hipótese, e a segunda, “então”, é chamada de conseqüente ou conclusão da implicação.

A implicação será falsa se a antecedente for verdadeira e a conseqüente for falsa. Em todos os outros casos, a implicação é verdadeira.



e) Operador conectivo de equivalência ou bi-condicional:

É expresso por sentenças bi-condicionais. As duas sentenças ligadas são chamadas de membro-direito e membro-esquerdo da equivalência. Por exemplo: “João fica alegre se e somente se o Lula ganha a eleição”.

Essa conjunção (se e somente se) é comutativa, ou seja, a sentença da direita é condição necessária e suficiente para a da esquerda e vice-versa. Assim, uma sentença bicondicional é verdadeira se e somente se as duas sentenças que a compõem forem ambas ou verdadeiras ou falsas.



Podem-se resumir todas as tabelas de verdade em uma só:



As condições de verdade ou falsidade dos conectivos podem ser resumidos assim:



É possível ser construída uma tabela de verdade com sentenças compostas de três ou mais sentenças simples. Temos sempre dois valores de verdade possíveis para cada sentença. Se tiver duas sentenças, teremos quatro possibilidades de combinação. E a cada aumento de sentenças, dobra-se o número de possibilidades de combinação/linhas. Por exemplo: 3 sentenças: 8 linhas; 4 sentenças: 16 linhas; 5 sentenças: 32 linhas; e assim, sucessivamente.

A tabela de verdade para uma sentença composta de três sentenças simples é assim:


Na última coluna, os valores de verdade se alternam um a um. A penúltima apresenta duas vezes sucessivas cada valor, já a ultima com quatro vezes, e assim sucessivamente.


2.6. Classificação das tabelas de verdade:

Podemos classificá-las em:

a) Tautologia: quando uma sentença é formalmente verdadeira, independentemente dos fatos. Duas ou mais sentenças simples que serão sempre verdadeiras.



b) Contradição: quando uma sentença é formalmente falsa, independentemente dos fatos. Duas ou mais sentenças simples que serão sempre falsas.



c) Contingência: toda sentença que não for nem tautologia, nem contradição, ou seja, ela pode ser verdadeira ou falsa. Uma sentença atômica é sempre contingência, pois sempre será verdadeira ou falsa, mas para saber é sempre necessário articulá-la com alguma outra.


2.6. Formas de argumentos: validade e invalidade

A validade ou invalidade de um argumento tem a ver com a forma com que as sentenças são combinadas. O conteúdo das asserções não importa para se determinar se são argumentos válidos ou não. Um argumento será invalido somente se as premissas forem verdadeiras e a conclusão falsa. 

Para determinar se um argumento é falacioso ou não, se o raciocínio está mal ou bem construído, se a inferência é legitima ou ilegítima, tem-se que saber se é possível que as conclusões contradigam as premissas.




2.7. Correção e consistência:

Para que um argumento seja correto é necessário que ele seja válido, ou seja, não extraia uma conclusão falsa de premissas verdadeiras, bem como se todas as suas premissas sejam verdadeiras. Quando divergência dessas, o argumento será incorreto.

Já a consistência de um argumento consiste em se e somente se for possível que em ao menos uma situação, todas as sentenças sejam verdadeiras. Se inconsistência, ao menos uma sentença é falsa.


2.8. Validade e consistência:

A validade de um argumento atrelasse a consistência. Um argumento válido significa ser impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão sejam falsa, ou seja, não é possível que o argumento seja inconsistente.


VEJA TAMBÉM:




BIBLIOGRAFIA:

RODRIGUES, Cassiano Terra; SOUZA, Edelcio Gonçalves de. Lógica II: Guia de Estudos. Lavras. UFLA. 2012.


OBSERVAÇÃO:

Esse texto é um resumo que produzi com o material de aula da disciplina 'LÓGICA II' da Graduação em Licenciatura para Filosofia - Universidade Federal de Lavras / EAD - Polo UAB Governador Valadares, produzido em 23/10/2012.

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